3/22/2012

Quando Vier a Primavera


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme 

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã, 

Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 

E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 

Por isso, se morrer agora, morro contente, 

Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 

Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 

O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro

3/17/2012

Velhos são os trapos...

... e até esses servem de pano

3/11/2012

3/08/2012

Não há caras mas há corações!






Dois dias passados rodeada de grandes corações, que mantêm o seu coração ligado a Portugal e que transportam este orgulho ao peito, com ou sem emblema.
A língua portuguesa e a boa disposição domina o ambiente do Café Central onde estes corações se juntam para uma partida de cartas, dominó, um copinho para aquecer, algumas gargalhadas e muito companheirismo.

As conversas fluem naturalmente e são vários os temas que enchem este espaço de tão boa energia quer seja de manhã, ao almoço,à tarde ou mesmo à noite. O rodopio de pessoas que entra e sai a toda a hora mantém o som de fundo tipico de uma tasca. Por vezes os ânimos aquecem quando há jogos, mas resultados à parte todos ficam felizes pelo convívio.

É fantástico sentir que a maior riqueza do Café Central, para além da excelente comida feita pelo cozinheiro Zé, é sem dúvida o poder reunir pessoas de Norte a Sul do Continente, dos Açores e da Madeira.

Todos os corações que por ali passam são distintos, com diferentes ideais e gostos, mas há algo que nos une todos: o termos deixado um país fantástico, com um povo maravilhoso e um sol que deixa saudades! Mas no fundo, estamos bem aqui e conseguimos preencher aquele vazio que em tempos já foi maior. "Não há dinheiro no mundo que me faça voltar" - São palavras vindas de um coração de saudade mas de saber que o que se deixou "lá" já pouco lhe diz e que no fundo Montreal tornou-se a sua casa e a dos seus.

Em Portugal chora-se em silêncio, todos os meses, pela morte de idosos totalmente abandonados nas suas casas. O sair à rua para ir ao café, quer faça sol, chuva, frio, calor ou neve, faz com que seja um dever diário saudável, de todos estes senhores de várias gerações. Para mim, este convívio diário é a melhor arma contra a solidão!

Agora só me falta descobrir onde andam as senhoras destes cavalheiros!

Texto e Fotos: Rita Gomes
Jornal a Voz de Portugal - Publicação nr. 44, Ano 51
7 Março 2012
(apenas as duas primeiras fotos são as originais da publicação)

3/05/2012

É Carnaval em Montreal









Carnaval na Associação Portuguesa do Canadá

Este Sábado tive a minha primeira experiência bem Portuguesa em Montreal. Decidi fazer parte do Jornal a "Voz de Portugal" e poder servir esta grande comunidade com prazer contribuindo com design e fotografia ainda melhor!

Cheguei à Associação Portuguesa do Canadá e depressa o típico calor Português fez-se sentir. Fui recebida como se pertencesse a esta comunidade já há algum tempo e rapidamente me senti em casa.

A sala estava já preparada com mesas redondas bem decoradas e as pessoas foram aparecendo. Alguns já mascarados e outros que se foram mascarando durante a noite. Fui-me sentindo em casa e a pergunta mais típica era "Então e tu és de quem?"… se não viesse de uma pequena vila chamada Sesimbra, perto de Lisboa, nunca teria percebido a pergunta. Na verdade, "não sou de ninguém" era a resposta que me vinha á cabeça. Vim para Montreal há 6 meses sozinha (como provavelmente outras gerações em outro tempo fizeram) em busca de um futuro mais promissor, que neste momento o sol de Portuga não me dá.

A boa comida, a fazer lembrar a da minha avó, e o ambiente acolhedor fez-me matar as saudades!

A noite estava fria mas depressa as 190 pessoas aqueceram a sala com um bailarico que durou noite dentro. A Associação Portuguesa do Canadá encheu-se de várias surpresas de grupos de mascarados que, durante a noite, foram aparecendo na pista de dança. Miúdos e graúdos fizeram-se mascarar com fatos originais, desde o Capuchinho Vermelho, ao Urso, ás Doce até mascarados de Pretas! Dançou-se em pares ou em esquemas bem coreografados ao ritmo de boa música pelo Eddy Sousa e o DJ X-Men.

Olhando ao meu redor senti que realmente somos um povo fantástico onde pessoas de várias gerações, do continente e ilhas se juntam para beber e comer bem, rir, dançar e divertirem-se!


Texto e Fotos: Rita Gomes
Jornal a Voz de Portugal - Publicação nr. 43, Ano 51
29 Fevereiro 2012
(as fotos não são as originais da publicação)

3/01/2012

Tu querias perceber os pássaros...


...
Voar como o Jardel sobre os centrais
Saber porque dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais

Conta-me os teus truques e fintas
Será que os Nike fazem voar
Diz-me o que sabes, e não me mintas
Ao menos em ti posso confiar

Agora diz-me o que aprendeste
De tanto saltar muros e fronteiras
Olha p'ra mim e vê como cresceste
Com a força bruta das trepadeiras

Põe aqui a mão, sente o deserto
Cheio de culpas que não são minhas
E ainda que nada à volta bata certo
Eu juro ganhar o jogo sem espinhas

Rui Veloso - "Não me Mintas"