3/22/2012

Quando Vier a Primavera


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme 

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã, 

Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 

Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 

E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 

Por isso, se morrer agora, morro contente, 

Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 

Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 

O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro

2 comments:

cima said...

A foto está fantastica , a serenidade da velhice quando é retratada, a alegria dos olhos, quanto ao poema é Pessoa pois claro, um dos Maiores.

ruma said...

Hello, Rita Gomes.

 Your sweet message and works charms my heart.

 I thank for your usual and hearty support.
 The prayer for all peace.

Have a good weekend. From Japan, ruma ❃